Primeiramente esclareço que o que escrevo abaixo não é indireta pra ninguém muito embora esse padrão seja razoavelmente encontrado nos dias de hoje. É apenas mais uma de minhas teorias, mais um fruto de minha imaginação fértil.
Há tempos tenho observado no feminino o que denominei recentemente de SÍNDROME DE NICOLE BAHLS. Utilizei essa personagem porque ela é exemplo público de como uma mulher bonita pode, através da prática (desastrada) do antimarketing pessoal, se reduzir a um mero e desinteressante pedaço de carne, destinado apenas para o consumo sexual imediato e sem despertar quaisquer interesses duradouros.
Não vou adentrar no mérito das eventuais virtudes e deméritos psicológicos e culturais desta moça, pois esse texto não tem a finalidade de abordar tais questões. O fato é que hoje, a despeito da beleza e atributos físicos dela, nem pagodeiros e jogadores de futebol, conhecidos pelos seus critérios superficiais de escolha, querem sequer firmar qualquer relacionamento com ela que não seja o físico. Porque isso acontece?
Antes que as feministas de plantão me crucifiquem, ressalto que essa análise busca tão somente responder o porquê de mulheres que teriam, em condições normais de temperatura e pressão, facilidade para encontrar parceiros interessantes, ficam sozinhas e destinadas a uma certa marginalização amorosa.
Antigamente a velha e clássica troca de beleza física por segurança financeira era uma praxe social. Ainda hoje a beleza feminina é um importante e decisivo fator na seleção masculina. Não obstante a mulher moderna não deva mais depender do modelo patriarcal familiar e tenha plena capacidade individual de vencer na vida sozinha, todos queremos, em determinado momento da vida, encontrar uma pessoa interessante(conceito que obviamente não se resume ao financeiro) para ter um relacionamento sério.
O "gerenciamento amoroso de imagem" do feminino(ou o "marketing pessoal amoroso" do feminino) serve para que mulheres interessantes se mostrem como tal. Não se trata de reduzir à questão a uma abordagem machista ou simplista da questão. A mulher moderna não precisa reproduzir valores da década de 50, onde elas deveriam ser necessariamente "prendadas, recatadas e submissas" ao masculino. Trata-se tão somente de privilegiar virtudes pessoais, e não incorrer no erro de autocaricaturar-se negativamente perante o inconsciente masculino.
Já falaram que a beleza(leia-se "imagem pública") pode ser a bênção ou a desgraça de uma mulher. Tudo depende da abordagem que ela dá à si mesma. O homem que busca um parceira amorosa(e não somente sexual) analisa muito mais as atitudes do que as palavras. E muito embora o discurso de sedução seja invariavelmente liberal, a mulher que consciente ou inconscientemente se expõe publica e sistematicamente ao desejo masculino ao mesmo tempo que desperta o interesse físico dos homens, repele o interesse amoroso. pois o senso comum masculino julga a mulher que se exibe em demasia, como uma fêmea potencialmente promíscua, ou seja, como um fator biologicamente perigoso para garantir a transmissão de seus genes para a prole.
E um dos maiores desastres da natureza para o macho de qualquer espécie é ele não conseguir uma fêmea que assegure sua descendência. Pior ainda é ele gastar, sem saber, seu esforço vital para assegurar uma prole que não é sua. Por isso o homem, com sua ascendência primata, promove inconscientemente essa "seleção natural amorosa", descartando fêmeas que teoricamente teriam bom patrimônio genético mas que não assegurariam a perpetuação de sua "linhagem".
Restam para elas então os psicologicamente fracos, os "machos" de segunda linha. Geralmente homens socialmente considerados "perdedores" e "desinteressantes". A escolha de uma postura, um foco equivocado e toda uma facilidade amorosa natural se torna uma dificuldade insuperável.
Se o julgo popular diz que é "melhor estar sozinho do que mal-acompanhado", o poetinha sabiamente preceituava: "é impossível ser feliz sozinho!". Nunca é tarde para rever conceitos.
Sobre a nossa anti-heroína abaixo, resta-nos lamentar sua solidão no meio da multidão: pobre menina linda.