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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A locomotiva e o cavalo, fábula de Lachambeaudie e Paula Brito

Rival da Locomotiva

Um Cavalo buscou ser,

Supondo que mais do que ela

Ele podia correr.



Num caminho em que tomavam

Ambos igual direção,

Disse ao Vapor o Cavalo,

Brioso escarvando o chão.



Por mais que queiras não podes

A palma ter da vitória,

Nem fazer com que teu nome

Como o meu brilhe na história.



Do fogo que te alimentas

As línguas vejo sair:

É nesse arsenal de guerra,

Que tens que te consumir.



– “ Deveras, tu te apresentas

Como meu competidor?

Pretendes lutar?  — lutemos,

Disse ao Cavalo o Vapor.



Malgrado a desproporção

Entre um e outro querer,

Junto da Locomotiva

Põe-se o Cavalo a correr.



Um enche os ares de pó,

Outro de negra fumaça!

Não há triunfo entre os dois,

Pois um ao outro não passa.



Exausto, porém, de forças,

O Cavalo cai e morre;

Que faz a Locomotiva?

Com mais fogo ‘inda mais corre!



—–



Quando a proterva ignorância

Foge do século à luz

No abismo se precipita

A que seu erro a conduz.



Sempre que a velha rotina

Ao progresso der conselho,

Será bom que não te esqueça

De se mirar no espelho.

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